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Um artigo sobre a China


Contra a China
Reformador Novembro de 1900
 
       É formidável a propaganda dos jornais da Europa, feita ultimamente para despertar os sentimentos de ódio e de vingança contra os chineses, procurando ocultar sob opretexto irrisório da barbárie desse povo que não se quer deixar explorar pelos civilizados do Ocidente, omotivo real que os conduz, que vem a ser ode achar um escoadouro aos produtos de sua indústria, do que a China ainda não sentiu a necessidade.
          Os chineses não podiam contemplar sem dor a importação imoralíssima do ópio com que uma poderosa nação da Europa, sem um protesto de alguma outra, vai envenenando a população do pais, nem as intrigas e meios violentos que estão empregando esses estrangeiros para se assenhorearem dos melhores portos. Era de se prever essa idéia, e se são censuráveis as atrocidades praticadas pelo populacho chinês, que são com cores carregadas descritas nos jornais interessados de seus inimigos, nós estamos na completa ignorância do que por lá estão fazendo aqueles que, deixando de aderir a tão humanitária idéia do czar da Rússia, discutida na Conferencia de Haya que quase no começo do século XX, contra as normas da justiça e do direito das gentes, fizeram uso na guerra da África das celebres balas dundum.
          Dizem os invasores da China que querem civilizá-la e moralizá-la, nela propagando os princípios de sua religião, que de cristã só tem onome, e que não possui a força precisa para conte-los em seus desregramentos para suplantar a sua exagerada ambição de poderio. Isto e simplesmente irrisório.
         A China é uma nação eminentemente ilustrada; e como disse oembaixador chinês dos Estados Unidos, Anson Burlingame, o  pais das bibliotecas e das escolas. A instrução é ali muito espalhada, e grande maioria da população, mesmo nas classes menos favorecidas da fortuna, tem conhecimento, até certo grau, da leitura e da escrita, da aritmética e das escolhidas passagens de seus autores clássicos. A instrução se divide em três classes, na primeira das quais se trata de desenvolver o sentimento da criança com oestudo do belo, na segunda a sua inteligência com oestudo das letras, e só na terceira elas vão fazer ocurso superior da carreira a que se destinam.
          Há nesse país escolas publicas, onde os meninos de todas as classes recebem a instrução em comum; e em algumas províncias também as ha para meninas, dirigidas por professoras.
          Na China a religião é livre.
          Seus grandes mestres, Lao Tsé, Confúcio e outros, são antes moralistas que regionalistas. Milhares
de homens mais doutos do pais são panteístas*, e muitos de seus ensinos são tão transcendentais como os de Emerson. Eles acreditam no Tao, a unidade absoluta, manifestando-se como uma união e nas forças positivas e negativas do Universo.
          Há no pais um grande numero de sistemas morais ou religiosos, mas todos esses religiosos exercem, freqüentemente, nos mesmos templos os atos de suas religiões, dando assim uma nobre e elevada lição de tolerância aqueles que hoje pretendem moralizar.
          Vejamos agora quem impediu que na China preponderassem hoje, pelo menos em muitos dos seus pontos capitais, os ensinos trazidos ao mundo por Jesus.
          Na primeira metade do século que esta por findar, nasceu nas vizinhanças, em Cantão, um menino dotado de extraordinário poder de clarividência e de um gênio demasiado excêntrico, que recebeu o nome de Hung-sow-tseu. Tendo sido mal-sucedido em um de seus exames quando jovem, ele foi acometido de grave enfermidade, ao restabelecer-se da qual estava com as faculdades mediúnicas muito desenvolvidas. Era um inspirado e dizia estar livre de impurezas de sua vida e ter entrado em comunicação com um alto personagem espiritual que lhe mandara pregar a abolição da escravidão e a destruição dos ídolos, oderramamento da instrução e a humanização do tratamento que os soldados costumavam dar aos prisioneiros.
          Um dia caiu-lhes nas mãos um exemplar do Evangelho, e ao lê-lo, disse logo:
          - Foi ele; foi Jesus quem me falou.
          A sua propaganda foi fazendo prosélitos, graças aos fenômenos mediúnicos que se manifestavam no seio da assistência, onde uns caiam em transe sonambúlico e tinham visões; outros falavam línguas estranhas, e outros faziam revelações e profetizavam.
          Grande número de letrados e homens importantes aderiu a propaganda, e omovimento tomou caráter de uma formidável  revolução contra a dinastia reinante, que queriam transformar em um governo constitucional.
          Foi onorte-americano John Ward quem, disciplinando as tropas imperiais, infligiu algumas derrotas aos rebeldes, sem, contudo, conseguir sufocar o movimento que cada vez mais se alastrou pelo pais. É a celebre revolta dos Taipings, que fez correr  rios de sangue, devastou os campos e arruinou um sem número de cidades e vilas.
          Nesse tempo, os ingleses e franceses incitavam a revolta e a protegiam, e talvez tivessem concorrido para modificar as idéias de Hung, que então pretendeu fazer-se imperador.
          Em sérios apuros, oimperador chamou em seu auxilio os estrangeiros, acenando-lhes com a promessa de concessões de novos portos aos seus navios; e os ingleses e os franceses adaptaram os seus partidos, concorrendo para afastar-se a grande revolução. Hung suicidou-se, os inúmeros partidários seus caídos em poder dos vencedores, foram executados sem que os civilizados europeus tentassem impedir, por parte dos seus aliados, essas atrocidades selvagens contra as quais se revoltam hoje.
          Apesar de tudo, porém, os novos princípios não morreram e esperam omomento oportuno para se manifestar.
          Quem, pois, tem a responsabilidade de não estarem hoje abertamente propagados na China os princípios do cristianismo puro? Os próprios que hoje pretendem moralizar e civilizar opaís com os sincrônicos ensinos do catolicismo e do protestantismo.
 
Marechal Ewerton Quadros
Fonte: Marechal Ewerton Quadros - CCDPE
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