PSYCOGRAFIA CUTANEA
Em dias da primeira quinzena de dezembro de 1921, fomos procurados em nossa residência por uma senhora para nós então desconhecida. Disse chamar-se Francisca Jatahy, e vinha para contar-nos este estranho facto: subitamente, era presa de uma espécie do crise nervosa, aliás rápida, durante a qual sentia como que alguém escrevendo sobre a própria epiderme. Ainda na véspera, tal facto se dera. A mão invisível gravara-lhe na espadua certos caracteres perfeitamente legíveis.
Neste ponto da palestra em que d. Francisca narrava tão interessantes fenômenos, a crise se produziu e, então, diante dos nossos olhos atônitos, surgiu a palavra veja, cujas letras foram sucessivamente aparecendo como se alguém as escrevesse, lentamente.
Várias vezes depois, em dias diversos, verificamos a reprodução desse facto. Por isso, considerando-o digno de figurar entre outros inúmeros registados pela fenomenologia espírita, convidamos d. Francisca a consentir fosse ele observado pelos confrades que constituem o grupo espírita Filhos Pródigos. que funciona em nossa residência.
Assim combinado, após a sessão, pedi a um dos assistentes que dissesse um nome afim de ser escrito pelo espírito. O dr. Pinheiro Filho, proprietário e gerente da Fábrica de Chapéus de Palha, nesta cidade, deu a palavra Amor. O médium colocou o braço meio desnudo sobre a mesa. Dentro em pouco, um estremecimento nervoso anunciava que a manifestação mediúnica se operava, o que o médium confirmava, dizendo: Já estão escrevendo...
Daí a segundos, — tempo da duração do fenômeno, lia-se a palavra Amor, ao começo com alguma dificuldade. Depois os riscos que a constituíam tomaram um aspecto de relevo, distinguindo-se, então, perfeitamente as letras.
Assistiram essa sessão os nossos confrades Frederico Figner, dr. Pinheiro Filho e esposa, Sylvio Nascimento, General Cearense Cylleno e esposa, Samuel Cohen, Aurélio Valente, José Corrêa da Gama e Silva, Eudóxia Santos, Gertrudes Vilbena, Amanda Santos e minha esposa.
Posteriormente foi feita nova experiencia, em casa do maestro Ettore Bosio, em presença dos srs. João da Rocha Fernandes, Euripedes Prado, Frederico Figner e esposa, maestro Bosio e esposa. Foram ditadas as palavras Deus e João, sendo ambas as escritas.
Dias depois, tendo tido notícia desse novo aspecto de fenomenologia espírita, dona Anna Prado, — o famoso médium já nosso conhecido pediu ao espírito de João que tentasse consigo experiencia idêntica. João não se fez esperar: escreveu-lhe nos braços aquelas mesmas palavras— Deus e João, como se poderá verificar da seguinte fotografia cujo clichê foi reproduzido pelo Reformador, o velho e conceituado órgão da Federação Espírita Brasileira. Clichê n. 1.
Comentando a produção desse fenômeno escreve o Reformador, (*): Que trabalho, se o quiserem explicar, vão ter os cientistas para lhe atribuírem a autoria ao «subconsciente !» Porém, não, que eles tiveram ao criar essa entidade, o cuidado de dar-lhe a onipotência e a onisciência !
E tem razão o confrade...
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No relatório da Sociedade Dialética, de Londres há, na página 125, uma referência a essa mediunidade a qual não nos pareceu fora de propósito denominar: psicografia cutânea.
Ainda sobre esse caso o Estado do Pará, um dos mais conceituados órgãos da imprensa de Belem, publicou, sob a assinatura do sr. Carlos B. de Sousa, esforçado propagandista espirita, um artigo do qual recortamos os seguintes trechos :
Um interessante fenômeno espirita — A bordo do vapor «Almirante», da linha do Mosqueiro — ontem (17 de fevereiro de 1923), na viagem das 6 horas da manhã, quando o «Almirante» demandava o porto de Belem, trazendo a seu bordo os passageiros das vilas do Mosqueiro e Pinheiro, deu-se um fenômeno espirita de alta importância, como seja o da escrita direta sobre a epiderme humana.
Historiemos o facto:
Conversavam sobre a probabilidade dos fenômenos espiritas as srs. dd. Francisca Jatahy da Silva (a médium), e Francisca Fernandes. Em dada ocasião, tendo esta dito que tinha vontade de ver o tal fenômeno da escrita direta sobre a epiderme, o corpo de d. Francisca Jatahy começou a vibrar, como se ela estivesse sob a ação de uma corrente elétrica, ao mesmo tempo que a palavra veja era traçada, letra a letra por mão invisível, sobre a epiderme do braço esquerdo daquela senhora.
Como se aproximasse, poucos momentos após, o sr. Joaquim Nery, imediato do dito navio, e começasse a troçar sobre o fenômeno que acabava de se realizar, mas que não vira como se operara, o braço direito da dita senhora começa a vibrar, contra a sua vontade, ao mesmo tempo
que o número «42» era grafado, pelo mesmo sistema, sobre a epiderme do referido braço de dona Francisca.
Entre as pessoas que presenciaram o magnífico fenômeno, podemos mencionar as seguintes: dr. Baptista Moreira, advogado; Arthur Silva, Augusto Araújo, Francisco Boga, dona Francisca Fernandes, Eduardo da Silva Ferreira, João Barbosa Pacheco, Antonio Gomes de Pinho e o imediato Joaquim Nery.
Autor: Luiz Pessoa Guimarães
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