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Os Irmãos Davenport


          The Times, o Daily Telegraph e outros jornais publicaram notícias longas e honestas. Omitiram as suas citações porque o seguinte depoimento de Mr. Dion Boucicault, publicado no Daily News, bem como em muitos outros jornais londrinos, cobre todos os fatos. Descreve ele uma sessão posterior, em sua própria casa, a 1 de outubro de 1864, a que estiveram presentes, entre outras pessoas, o Visconde Bury, deputado, Sir Charles Wike, Sir Nicholson, o Chanceler da Universidade de Sidney, Mr. Robert Chambers, Charles Reade, escritor, e o Capitão Inglefield, explorador do Ártico.

“Senhor.

          Ontem realizou-se em minha casa uma sessão com os Irmãos Davenport e Mr. W. Fay, à qual estiveram presentes... (Aqui menciona vinte e quatro nomes, entre os quais os acima refe­ridos).

          Há três horas todos se achavam reunidos. Mandamos buscar numa casa de música próxima seis violões e dois tamborins, de modo que o material usado não fosse aquele com que os ope­radores estavam familiarizados.

          Às três e meia chegaram os Irmãos Davenport c Mr. Fay, e verificaram que nós tínhamos alterado os seus planos, trocando a sala previamente escolhida por eles para as manifestações.

          A sessão começou pelo exame das roupas dos Irmãos Davenport, tendo sido verificado que nenhum dispositivo ou quaisquer artifícios se achavam em suas pessoas ou nas proximidades. Entraram na cabine e sentaram-se de frente um para o outro. Então o Capitão Inglefield com uma corda que ele próprio trouxera, amarrou Mr. W. Davenport de pés e com as mãos para as costas. Do mesmo modo Lord Bury amarrou Mr. I. Davenport. Os laços foram amarrados e selados com lacre e carimbados. Um violão, um violino, um tamborim, dois sinos e uma trombeta de latão foram colocados no piso da cabi­ne. Então as portas foram fechadas e se fez luz bastante na sala para que pudéssemos ver o que acontecia.

          Omitirei a descrição minuciosa da babel de sons que se produziram na cabine e a violência com que as portas se abriam continuamente e os instrumentos eram jogados para fora; as mãos aparecendo geralmente por um orifício em forma de losango ao centro da porta da cabine. Os incidentes que se seguem pareceram-nos particularmente dignos de menção:

          Quando Lord Bury eslava inclinado dentro da cabine, tanto a porta aberta e os dois operadores amarrados e lacrados, foi vista uma mão destacada descer sobre ele; ele recuou, obser­vando que uma mão lhe havia batido. De novo, em plena luz do candelabro de gás e durante um intervalo da sessão, estando abertas as portas da cabine e quando as ligaduras dos irmãos Davenport estavam sendo examinadas, uma mão feminina, muito branca e fina e o punho tremeram por alguns segundos no espaço. Essa aparição provocou uma exclamação geral.

          Então Sir Charles Wike entrou na cabine e sentou-se entre os dois moços, pondo cada uma das mãos sobre eles e os segurando. Depois, as portas foram fechadas e recomeçou a babel de sons. Várias mãos apareceram no orifício — entre as quais a de uma criança. Depois de algum tempo Sir Charles voltou para o nosso meio e informou que enquanto segurava os dois ir­mãos diversas mãos lhe tocaram o rosto e puxaram os seus cabe­los; em seu redor os instrumentos se ergueram e fofam tocados em volta de seu corpo e da cabeça, enquanto um deles se apoiou sobre o seu ombro. Durante os seguintes incidentes as mãos que apareceram foram tocadas e seguradas pelo Capitão Inglefield, o qual verificou, pelo tato, que eram aparentemente humanas, embora escapassem de suas mãos.

                  Deixo de mencionar outros fenômenos já descritos em outra parte.

          “A parte seguinte da sessão foi realizada no escuro. Um dos Davenport e Mr. Fray ficaram sentados entre nós. Duas cordas foram atiradas a seus pés e em dois minutos e meio estavam eles amarrados de pés e mãos, com as mãos para trás, fortemente atadas às cadeiras e estas amarradas a uma mesa próxima. En­quanto esta operação se realizava o violão foi erguido da mesa e tocou ou flutuou em volta da sala e por cima da cabeça de todos, tocando de leve um ao outro. Então uma luz fosforescente foi atirada de um para outro lado, por cima de todos; o peito, as mãos ou as costas de vários dos presentes foram simultaneamente tocados, batidos ou arranhados por mãos, enquanto o vio­lão flutuava no ar, agora próximo do teto e batia na cabeça e nos ombros dos menos felizes. As campainhas soavam aqui e ali, e uma leve vibração era mantida no violino. Os dois tamborins pareciam rolar para lá e para cá pelo chão, ora sacudidos violen­tamente, ora tocando nas mãos e nos joelhos dos circunstantes - sendo que todas essas coisas eram sentidas ou ouvidas simultaneamente. Segurando um tamborim, Mr. Rideout perguntou se o mesmo poderia ser tirado de suas mãos; quase que instan­taneamente o instrumento foi arrebatado. Ao mesmo tempo Lord Bury fez a mesma pergunta e houve uma tentativa de arrebatamento do tamborim que ele segurava fortemente. Então Mr. Fay perguntou se lhe poderiam tirar o paletó. Imedia­tamente ouvimos um puxão violento e aconteceu a coisa mais notável. Uma luz foi acesa antes que o paletó saísse de Mr. Fay, tirado por cima. Voou para o candelabro onde ficou pen­durado por um instante e depois caiu no chão. Enquanto isto Mr. Fay era visto como antes, de pés e mãos atados. Um do grupo tirou então o próprio casaco, que foi colocado sobre a mesa. A luz foi apagada e esse casaco foi levado para as costas de Mr. Fay com a mesma rapidez. Durante as ocorrências acima no escuro, colocamos uma folha de papel debaixo dos pés dos dois operadores e com um lápis fizemos o seu contorno, a fim de verificar se eles os tinham movido. Por iniciativa própria eles quiseram ficar com as mãos cheias de farinha ou substância similar, a fim de provarem que não as tinham usado, mas essa precaução foi julgada desnecessária. Contudo, nós lhes pedimos que contassem de um a doze continuamente, para que suas vozes fossem ouvidas ininterruptamente e pudéssemos saber que vinham do lugar onde estavam amarrados. Cada um de nós segurou firmemente o vizinho, de modo que ninguém podia mo­ver-se sem que duas pessoas adjacentes o percebessem.

 

          No fim da sessão estabeleceu-se uma conversa geral, a res­peito do que tínhamos visto e ouvido. Lord Bury sugeriu que a opinião parecia ser que deveríamos assegurar aos Irmãos Davenport e a Mr. Fay que, depois de rigoroso julgamento e rigo­rosa investigação de seus procedimentos, os senhores presentes não podiam chegar a outra conclusão senão de que não havia qualquer indício de truque e, certamente, nem havia comparsas nem maquinismos, e que todos aqueles que haviam testemu­nhado os resultados declaravam livremente, na sociedade em que se achavam, até onde as investigações lhes permitiam formar opinião, que os fenômenos ocorridos em sua presença não eram produto de malabarismo. Esta sugestão foi aceita por todos imediatamente. ”

 

 

 

Autor: Arthur Conan Doyle
Fonte: História do Espiritismo
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