Não vos recordais da história do dente de ouro, de que fala Fontenelle em sua História dos Oráculos ? Nem por ser antiga, a deixa de ser menos típica. Em 1593, correu o rumor de que haviam caído os dentes a uma criança de sete anos, na Silésia, e que lhe nascera um dente de ouro em lugar de um dos seus grossos molares. Hortius, professor de Medicina, da Universidade de Helmstoedt, escrevendo em 1595 a história deste dente, assegurou que ela era em parte natural e em parte miraculosa e que esse dente fora por Deus enviado, àquela criança para consolar os cristãos atormentados pelos turcos . Não se percebia bem a relação que Poderia existir entre esse dente e os turcos, mas a explicação foi tomada, do mesmo modo, a sério. No mesmo ano, Rullandus escrevia a propósito uma segunda história e, dois anos após, Ingoslsterus, outro sábio, publicou uma terceira memória em contradição às duas primeiras. Um outro grande homem, chamado Libávius, acrescenta Fontenelle, reuniu tudo o que tinha sido dito a respeito do dente e juntou-lhe seu modo de ver particular. Nada mais faltava a tantas obras preciosas do que demonstrar que o dente era, de fato, de ouro. Chamado um ourives para examiná-lo, constatou-se que tudo se resumia em uma folha de ouro aplicada ao dente com bastante arte. Tinham-se, porém, escrito livros sobre o caso, antes de consultar o ourives.
Autor: Camille Flammarion
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