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O folclórico na divulgação espírita


 

 

          Dentre os cuidados que se devem ter com referência à divulgação no meio espírita não se pode deixar de incluir o que chamaríamos o folclórico: tudo aquilo de que se ouve muito dizer sem alicerce na lógica ou sem termos de compro­vação. Aqui todo o cuidado é pouco.

          Ora, a reencarnação é assunto sério. E justamente aí, por sinal, são de temerem-se tantas afirmações subjetivas, quase invariavelmente ligadas a pessoas ilustres. De quando em quando procuram por Kardec e asseveram que está reencarnado, que é fulano, que é cicrano, por vezes alguém que es­timamos, a quem dedicamos real admiração. Entendemos que uma nova personalidade deve guardar certa relação com a anterior no modo de ser, de agir e de reagir. Kardec fora um educador, um homem de letras, de certa forma um cético, ain­da que não empedernido, portanto acessível às verdades que lhe competia defender. As armas que usou foram as da inteli­gência. Não exerceu a mediunidade, antes estudou-a. Tudo por ter-lhe sido anunciado que retornaria. Por certo, o tempo não se mede aqui como em termos de eternidade. A suposta brevidade foi um pensamento de ordem algo pessoal ou en­tão, de outra forma, razões supervenientes aconselharam mu­dança de programação.

          Médiuns estão sendo apontados como eventuais substi­tutos do nosso Chico, a própria imprensa leiga estimula a in­genuidade ou o escorregão de uns poucos, a vaidade, queira Deus que não, de outros tantos... O término de um ciclo de trabalhos não estabelece necessariamente que alguém substi­tua outrem. Não existe isso.

          Muito mais cousas acontecem. No referto ementário de afirmações que correm de boca em boca em nosso meio, vestidas da indumentária de fato espírita, muitas delas têm o sabor de revelações e são de tal forma apreciadas que tomam, por vezes, foros de verdade pacífica. Cuidemos, então, para que não venhamos a incorporar à casuística espírita o anedótico, o folclórico; para que não assimilemos informações antes de certo amadurecimento, antes de algum exame. Assim, quan­do, em 1943, Emmanuel nos apresentou o espírito André Luiz na obra Nosso lar, logo nos afirmava:  -  Embalde os companheiros encarnados procurariam o médico André Luiz nos catálogos da convenção humana.” Um recado para bom entendedor. Mas que, de certa forma, pouco adiantou. E a força da desinformação correndo de boca em boca, chegou a ser pu­blicada por uma revista leiga com todas as características de verdade. Até mesmo alguém, certa ocasião, indagou através de um mensário espírita, era nos idos de 1973, se não seria ele um certo médico humanitário que vivera no Rio de Janeiro. Seria uma das hipóteses, não a única. A resposta negativa escrevi eu em Mundo Espírita a 31/01/73 sob o título “Cartão de visita”:

(...) encontra-se nas primeiras páginas de Nosso Lar, senão vejamos: “Deliciara-me com os júbilos da fa­mília, esquecido de estender essa bênção divina à imensa família humana, surdo a comezinhos deveres de fraternidade.

          A seu respeito ainda:

A longa tarefa, que lhe foi confiada pelos maio­res da espiritualidade superior, foi reduzida a meras tentativas de trabalho que não se consumou.

          Sobre a opinião de se tratar do eminente médico e polí­tico Pedro Ernesto, já pelo que vimos, não se casam as afirma­tivas do autor espiritual com o que se sabe da vida ativa e abnegada do antigo prefeito do Distrito Federal na era getuliana. De igual forma, não vemos como identificá-lo com o sá­bio que deu toda a sua vida pública à causa da medicina preventiva. Ainda um pormenor: em certo capítulo de Nosso Lar, as referências ao espírito que lhe fora o pai na última en­carnação evidencia-o cheio de viciações. Ao comemorar-se o centenário do nascimento do inolvidável missionário Osvaldo Cruz destaca-se, na sua bela formação cívica e científica, a no­tável influência moral exercida pelo exemplo de retidão do pai, homem de severos costumes. Não confere mais uma vez. Bem poderia o autor estar descrevendo a vida de outrem, per­sonalizando-a, como em literatura novelesca. Aí perguntaría­mos a quem quereremos identificar. E qual o mérito de uma pesquisa a respeito de quem foi o André que o autor descreve, desconhecido do público, que os houve tantos. Preferível per­manecer no exame das afirmações dolorosas dos seus e nossos erros terrenos, evitando a deselegante exploração de fatos re­lacionados às duras revelações que faz. Quem de nós não tem à retaguarda um passado sombrio, mais próximo ou mais dis­tante, que buscará superar no esforço do trabalho, assim na Terra como nos céus? Que lhe importa o nome? Qual o bene­fício que a informação trará? Cada caso é um caso. Em outras circunstâncias o conhecimento poderá ilustrar a forma com que a Lei funciona, restauradora e amorosa. Aí eles tomarão a iniciativa, a nosso benefício. Sem criar falsidades e invencionices.

Autor: Alberto de Souza Rocha
Fonte: Caminhos da divulgação espírita
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