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Anjos Guardiães e os Animais.


Caso XV – (Visual) – Foi publicado na Light (1918, p. 189) pela sra. Joy Snell, a bem conhecida sensitiva e clarividente, autora do livro The ministry of the angels (O ministério dos anjos), onde ela narrou as visões mais importantes que teve, entre as quais numerosas aparições de espíritos juntos a leitos de moribundos, aparições vistas durante o exercício de sua profissão de enfermeira diplomada. Ainda que a narração seja longa e que a primeira parte dela não se reporte diretamente ao assunto de que nos ocupamos, resolvemos narrá-la por inteiro, dado o interesse psicológico que apresenta. A sra. Joy Snell assim se exprime:

 

Prince é um cão-lobo da raça russa. Ainda que não esteja mais no número dos vivos há vários anos, continuo a falar dele até hoje, pois, para mim, ainda está vivo e isto o sei positivamente já que vem sempre visitar-me, mostrando-me que tem por mim a mesma afeição do passado. Quando ele me aparece, olha-me com o seu olhar afetuoso, pousa a cabeça nos meus joelhos, balançando alegremente a sua cauda. Aconteceu-me encontrar pessoas que perceberam, por sua vez, Prince ao meu lado e fizeram uma descrição minuciosa apesar de nunca o terem conhecido em vida. Eram pessoas que possuíam faculdades psíquicas análogas às minhas, graças às quais o que não é normalmente visível pode tornar-se visível.

Quando Prince ainda estava neste mundo, sua principal ocupação consistia em acompanhar a sua dona nos seus passeios a pé ou de carruagem. Numa tarde de verão, voltei com o cão para casa, depois de uma longa excursão. Duas horas após, Andy, o rapaz da cavalariça, veio prevenir-me de que o canil de Prince estava vazio e que não se achava o cão em parte alguma. Prince nunca havia faltado, de modo semelhante, aos seus hábitos regulares. Andy se mostrava preocupado e foi imediatamente à procura do cão, mas eis que Prince apareceu, pulando por cima da cerca, e veio ao nosso encontro balançando a cauda. Depois de ter manifestado a sua satisfação de não ter sido punido, ele me puxou levemente pela sala, em direção à porta e, lá chegando, levantou-se sobre as pernas traseiras e, apoiando as dianteiras na porta, começou a me olhar e a latir. Como repetisse várias vezes a mesma cena, compreendi que ele queria que o seguisse a alguma parte, de modo que o rapaz da estrebaria resolveu contentá-lo. Abriu então a porta, chamando por Prince, mas este me puxou novamente pela sala, fazendo-me compreender que ele queria que eu fosse também. Eram nove horas da noite e nós nos pusemos em marcha, todos três. Prince seguiu a estrada por algum tempo, depois do que penetrou nos campos, correndo sempre diante de nós, e parou a uns cinqüenta meros adiante para nos esperar. Depois guiou a nossa marcha durante mais de duas milhas. Chegamos finalmente a um fosso rodeado de uma cerca, numa abertura da qual se achava uma pilha de fetos. Lá, o animal se deteve, esperando a nossa vinda, e, ao mesmo tempo, nos olhando com uma expressão de estranha ternura. Era evidente que tinha chegado ao fim, onde havia algo de misterioso que queria mostrar-me, entretanto não podia encontrar uma explicação por que não tinha anunciado, balançando a cauda, a nossa chegada, mas logo depois, compreendi a razão do seu silêncio. No monte de fetos estava deitada, profundamente adormecida, uma criancinha de perto de três anos. Se Prince tivesse balançado a cauda por certo a teria acordado e espantado.

Agora, eis como chegou-se a explicar o estranho fato de uma criancinha adormecida em um cercado. Ela havia brincado toda a tarde no prado, com um grupo muito numeroso de outras crianças, enquanto os camponeses retornaram na sua carroça para a herdade, sem se aperceberem de que, naquele bando de crianças, faltava uma. Levei a criancinha aos seus pais que me agradeceram, chorando e beijando-me. Esse gesto magnífico de Prince o tornou famoso em todo o país.

Pensativa, eu me perguntava, perplexa: “Como Prince pôde descobrir a criança adormecida?” As circunstâncias nas quais a descoberta se deu mostram que não se trata de um acaso, pois eu não podia imaginar coisa alguma, mas, agora, depois de anos, já não acontece o mesmo. Eu sei, agora, que os cães – ou pelo menos certos cães – são dotados de faculdades psíquicas e podem perceber os espíritos dos mortos. Segundo penso, na tarde em que Prince saiu à procura da criancinha extraviada, ele foi levado a agir assim por alguma entidade espiritual percebida somente por ele, como acontece nos casos de pessoas dotadas de faculdade de clarividência. Essa entidade deve ter guiado o animal até o cercado onde a criança dormia e a inteligência e o instinto do cão fizeram o resto.

O coitado do Prince teve uma morte violenta, e, provavelmente, sem sofrer. Andy, o moço da cavalariça, indo à estação da estrada de ferro, levou-o para fazer um passeio. Prince foi apanhado e esmagado por um trem que chegava. Naquele momento, eu lia ao lado da lareira e, acontecendo-me olhar por cima do livro, vi Prince estendido com todo o comprimento do seu corpo sobre o capacho dela e eu exclamei: “Já de volta, Prince?” Isto dizendo, estendi a mão para acariciá-lo, porém ela não encontrou resistência, só o vácuo: Prince tinha desaparecido. Naturalmente concluí que fora joguete de alguma imaginação de maneira estranha, mas uma hora depois Andy chegava trazendo a triste notícia. Quando Prince me apareceu foi pouco depois do instante em que fora esmagado pelo trem.

 

A primeira parte da narração da sra. Joy Snell é interessante sob o ponto de vista da psicologia animal, pois que contém um exemplo esplêndido da inteligência e dos sentimentos generosos que possuem alguns espécimes da raça canina.

Assim como justamente observou a sra. Snell, não parece possível explicar o fato da descoberta da criancinha extraviada pela hipótese do acaso, considerando-se que o cão havia deixado propositalmente, e contra todos os seus hábitos, o canil, para ir procurá-la, como se ele tivesse agido sob o golpe de um impulso exterior que, neste caso, não podia ser senão de origem supranormal.

Quanto à afirmativa da sra. Snell de que ela continuava a perceber freqüentemente a forma do cão falecido e que diferentes pessoas o tinham percebido como ela, é uma afirmativa a que só se pode atribuir valor de prova, tendo em vista a natureza positivamente alucinatória de várias formas análogas de visões subjetivas e a impossibilidade de separar as formas alucinatórias das que não o são. Observo, todavia, que, no presente caso, encontra-se uma circunstância colateral que militaria em favor da realidade objetiva das aparições em questão, a qual consiste no fato de que a mesma clarividente esteve sujeita a formas múltiplas de aparições subjetivas, de que se pôde comprovar a natureza positivamente verídica, tais como, por exemplo, numerosas aparições de espíritos no leito de morte, percebidos por ela no exercício de sua profissão de enfermeira diplomada.

 

Autor: Ernesto Bozzano
Fonte: Os Animais tem Alma?
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