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A Regeneração


 
(MARCHA DO PROGRESSO)
 
PARIS, 2o DE JUNHO DE 1869 – PUBLICADA NO Nº DE JULHO
(Junho Página 191- Edicel)
 
          Há muitos séculos as Humanidades prosseguem de maneira uniforme a sua marcha ascendente através do espaço e do tempo. Cada uma delas percorre, etapa por etapa, a rota do progresso. Se diferem quanto aos meios infinitamente diversos que a Providência lhes concedeu, são todas chamadas a se unirem e a se identificarem na perfeição, desde que todas partem da ignorância e da inconsciência de si mesmas e avançam indefinidamente
para um mesmo objetivo: Deus, para atingirem a felicidade suprema pelo conhecimento do amor.
          Há universos e mundos, como povos e indivíduos. As transformações físicas da terra, que sustenta os corpos, podem ser divididas em duas formas, da mesma maneira que as transformações morais e intelectuais que alargam o espírito e o coração.
          A terra se modifica pela cultura, pelo arroteamento e os esforços perseverantes dos seus possuidores e interessados. Mas a esse aperfeiçoamento incessante devemos juntar os efeitos dos grandes cataclismos periódicos, que representam o seu regulador supremo, à maneira da enxada e da charrua para o lavrador.
          As Humanidades se transformam e progridem pelo estudo perseverante e pela permuta de pensamentos. Ao se instruírem e ao instruírem os outros, as inteligências se enriquecem, mas os cataclismos morais que regenerem o pensamento são necessários para determinar a aceitação de certas verdades.
          Assimilam-se sem perturbações e progressivamente as conseqüências de verdade aceitas, mas é necessária uma conjugação imensa de esforços perseverantes para que novos princípios sejam aceitos. Marcha-se lentamente e sem fadiga por um caminho plano, mas são necessárias todas as forças para subir-se uma senda agreste e superar os obstáculos que surgem. Assim também, para avançar, o homem tem de quebrar as cadeias que o prendem ao pelourinho do passado através do hábito, da rotina e dos preconceitos. Do contrário, o obstáculo continuara firme e ele rodara num circulo vicioso, sem saída, até compreender que, para superar a resistência que lhe fecha a rota do futuro, não basta quebrar as velhas armas estragadas, mas é indispensável fazer outras.
          Destruir um navio que faz água por todos os lados, antes de empreender uma travessia marítima, é medida de prudência, mas será ainda necessário, para realizar a viagem, construir novos meios de transporte. Eis, no entanto, atualmente, onde se encontram certos homens avançados, no mundo moral e filosófico e em outros mundos do pensamento! Tudo solaparam, tudo atacaram! As ruínas se espalham por toda parte, mas eles ainda não compreenderam que é necessário elevar, sobre essas ruínas, alguma coisa mais séria do que um livre pensamento e uma independência moral, independentes apenas da moral e da razão. O nada em que se apóiam e uma palavra profunda somente por ser vazia. Se Deus não pode mais criar os mundos do nada, não pode o homem criar novas crenças sem bases. Essas bases estão no estudo e na observação dos fatos.
          A verdade eterna, como a lei que a confirma, não dependem da aceitação dos homens para existir. Ela é. E governa o Universo a despeito dos que fecham os olhos para não vê-la. A eletricidade existia antes de Galvani e o vapor antes de Papin, como a nova crença e os princípios filosóficos do futuro, antes mesmo que os publicistas e os filósofos os confirmem.
          Sede os pioneiros perseverantes e infatigáveis! Se vos chamarem de loucos, como a Salomão de Caus, se vos repelirem como a Fulton, continuai avançando, porque o tempo, o juiz supremo, fará surgir das trevas os que alimentam o farol que deve, um dia, iluminar toda a Humanidade.
          Na Terra, o passado e o futuro são os dois braços de uma alavanca que tem no presente o seu ponto de apoio. Enquanto a rotina e os preconceitos dominam, o passado esta no apogeu. Quando a luz se faz, a alavanca se move e o passado que já escurecia desaparece, para dar lugar ao futuro que alvorece.
 
 
Allan Kardec

 

Autor: Allan Kardec
Fonte: Edicel - RE 1869
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