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Uma ONG do Vale do Silício está transformando a filantropia

 

 

 

Tecnologia e dinheiro: duas forças do Vale do Silício a serviço de causas sociais

Gian Kojikovski, de Revista EXAME

São Paulo - O Vale do Silício é a região do mundo que mais produz bilionários. Embalados pela revolução digital, 23 novos super-ricos entraram para a lista da revista americana Forbes somente no ano passado. Essa mistura de riqueza com tecnologia começa agora a transformar também a filantropia.

É na Califórnia que a organização não governamental GiveDirectly (que, numa tradução livre, seria algo como Doação Direta) está mais prosperando. Criada em 2011 por economistas das universidades Harvard e MIT, a organização propõe a doação de 1 000 dólares a famílias pobres do Quênia e de Uganda, com duas inovações.

Primeiro, o dinheiro é enviado diretamente ao público-alvo, sem perder parte do valor num caminho cheio de intermediários. E, segundo, quem recebe a doação é que decide como, onde e quando vai utilizá-la, sem precisar fazer nada em contrapartida.

 
 

 

“Não acho que daqui dos Estados Unidos eu seja a pessoa mais indicada para dizer o que alguém no interior do Quênia deve fazer para sair da pobreza. Tenho certeza de que essas pessoas podem fazer as melhores escolhas por elas mesmas”, diz ­Mi­chael Faye, presidente da GiveDirectly.

É essa nova abordagem que está atraindo um número crescente de doa­ções de ricaços do Vale do Silício. Chris Hughes, um dos fundadores do Facebook, é um dos mais empolgados com a ideia e hoje faz parte da direção da ONG, que já recebeu doações do ­Google e do fundo Good Ventures, criado por outro cofundador do Facebook, Dustin Moskovitz.

A operação da GiveDirectly somente é possível porque os celulares também estão invadindo as partes pobres da África. No Quênia, por exemplo, a penetração dos aparelhos já chega a 78% da população. Como o sistema bancário tradicional é precário, as operadoras de telecomunicações passaram a fornecer contas-correntes a seus clientes, o que, de forma involuntária, preparou o terreno para a chegada da ONG americana.

Por meio de censos dos governos do Quênia e de Uganda, a GiveDirectly localiza as regiões mais pobres e envia equipes de reconhecimento, que ajudam a selecionar os beneficiários. O critério de escolha é bem objetivo: casas com teto de palha são um indício forte de que a família é miserável.

Uma vez cadastradas, essas pessoas são informadas por meio de mensagens de texto e podem retirar o dinheiro em postos autorizados pelas operadoras, como pequenos mercados, armazéns e postos de combustíveis. Em geral, a primeira iniciativa das 16 000 famílias atendidas até agora foi comprar um teto de metal para a própria casa.

A GiveDirectly se vangloria de repassar ao público-alvo cerca de 90% de todo o valor arrecadado, um modelo que parece mais atraente num momento em que a atuação de algumas ONGs vem sendo posta em dúvida. Países e grandes doadores privados questionam a multiplicação de organizações cujo único propósito é garantir a própria sobrevivência.

Apenas no Quênia estima-se que haja 350 000 ONGs. Na Índia, a indústria da filantropia envolve 3,3 milhões de organizações — uma para cada grupo de 380 habitantes. Desde o ano passado, o Reino Unido está fazendo uma varredura nos programas de ajuda humanitária financiados pelo país — e descobriu que tem gente recebendo mais de 3 000 reais por dia para trabalhar em projetos na África e na Ásia. Com dados como esses, dá para entender por que a GiveDirectly tem feito tanto sucesso entre os grandes doadores americanos.

Desde 2012, a ONG é apontada como uma das mais confiáveis pela organização americana Give Well, que avalia instituições filantrópicas no mundo todo e destaca as melhores em termos de custo-benefício. Quando se examinam os efeitos da filantropia no combate à pobreza no curto prazo, a GiveDirectly parece ter um grande efeito.

Um estudo feito pelos pesquisadores Johannes Haushofer, do MIT, e Jeremy Shapiro, da Universidade Princeton, avaliou a situação das famílias beneficiadas entre 2011 e 2012. Foram levados em conta 11 quesitos, como renda, atividade empresarial, fome, educação e bem-estar, e em quase todos eles foram encontrados resultados positivos.

O número de dias que as crianças passaram sem comer, por exemplo, caiu cerca de 40%. A violência doméstica diminuiu e os investimentos em microempreendedorismo aumentaram. Não há registro de que nas comunidades com pessoas que receberam dinheiro da ONG houve aumento do consumo de bebidas e tabaco — sempre um temor nesses casos. Mas os índices de educação e saúde não mostraram grandes mudanças.

Todas as armas contra a miséria

A partir dos anos 60, quando os países ricos voltaram sua atenção para a pobreza na África, a ajuda humanitária na região começou a focar a redução da fome e o desenvolvimento por meio de educação e infraestrutura essencial. Essa foi a tônica até o final da década de 90, quando surgiu outra vertente, inspirada no sucesso de programas de transferência condicionada de renda no México (Progresa) e no Brasil (Bolsa Escola, hoje rebatizado de Bolsa Família).

Nesse modelo, a doação obriga os beneficiários a manter os filhos na escola e a levá-los ao médico. Em comum, as duas estratégias de combate à pobreza exigem alguma estrutura para sua operação. No caso do mexicano Progresa, hoje rebatizado Prospera, apenas 40% do dinheiro do programa chega às famílias. De acordo com o governo brasileiro, o custo operacional do Bolsa Família é de 5% do total.

Esse modelo foi depois copiado por ONGs, que seguem a mesma lógica: o dinheiro só é liberado se o beneficiário fizer sua parte. No caso da Heifer International, por exemplo, que atua em vários países da África, os participantes recebem insumos e animais, mas precisam participar de um treinamento técnico em pecuária fornecido pela ONG.

Os programas de transferência condicionada de renda, portanto, quando bem implementados, ajudam os pobres a caminhar com as próprias pernas mais à frente. “Os programas que colocam condicionantes têm um efeito maior no número de anos de estudo”, diz o brasileiro Francisco Ferreira, economista-chefe do Banco Mundial para a região da África.

O que o exemplo da GiveDirectly sugere, porém, é que não existe uma única estratégia eficaz. Se a meta é resolver os problemas imediatos das pessoas, melhor deixar que elas decidam o que fazer com o dinheiro.

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Autor: Gian Kojikovsk
Fonte: Revista Exame
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